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Depois que seu marido abusou dela, Darla Olson sabia que ela precisava mais do que cuidados médicos. Então ela se abriu corajosamente sobre a experiência e também procurou a cura para seu espírito.

Aviso de conteúdo: Esta história fala sobre a violência doméstica.

Um rosto machucado. Um osso do braço estilhaçado. Depois de uma noite em que a raiva se transformou em abuso esponsal, Darla Olson queria curar-físico e espiritual. Ela recebeu atendimento médico, mas também queria voltar ao culto. Afinal, a Igreja Reformada da Trindade em Grand Rapids, Michigan, foi onde ela havia liderado a adoração durante anos. Era onde ela fazia parte de uma comunidade de amigos.

No entanto, ela estava inquieta em voltar atrás.

"Não importa se você não deve sentir vergonha, você sente vergonha", diz Olson. Os ferimentos fizeram com que as pessoas olhassem fixamente e fizessem perguntas. Sem mencionar que ela se sentia exposta e assustada cada vez que saía de sua casa e sentava-se no santuário, que tem muitas janelas. Após muitas cirurgias, fisioterapia e tempo, as feridas corporais cicatrizaram. Mas tanto Olson como sua pastora, Sarah Van Zetten-Bruins, sabiam que essas não eram as únicas feridas. Van Zetten-Bruins, que também esteve envolvida com o movimento We Are Speaking do RCA, que chama a igreja para acabar com a violência contra mulheres e meninas, sabia que a cura espiritual também tinha que fazer parte desse processo. Juntas, as duas mulheres projetaram um serviço de cura.

Antes de mais nada, o consistório, com a aprovação de Olson, escreveu uma carta à congregação contando o que aconteceu, explicando que ela queria voltar ao culto, e solicitando que a congregação dirigisse quaisquer perguntas aos anciãos, não a Olson.

Enquanto planejavam o serviço, Olson e Van Zetten-Bruins perceberam que não era apenas Olson que precisava de cura - a congregação como um todo também precisava. Olson havia liderado a adoração com seu então marido, e embora ele não estivesse mais na igreja, a congregação o conhecia. Aqui estavam duas pessoas que eles amavam: uma que estava ferida, e a outra com quem eles estavam muito zangados.

Como não há liturgias definidas para esta situação em particular, a Van Zetten-Bruins criou uma. Ela contava muito com os salmos e com canções que lhe dariam conforto.

"Foi certamente uma das vezes em meu ministério que fui a mais grata pelo testemunho bíblico dos Salmos, e especialmente dos salmos de lamento", diz ela. "Temos este grande exemplo bíblico". [Lamento] é uma maneira boa e correta de adorar: expressar nossa decepção, nossa tristeza e nossa ira a Deus. Não precisava inventar estas palavras poderosas; a Escritura já nos dá palavras para dizer quando não temos certeza do que dizer ou do que estamos sentindo".

Van Zetten-Bruins e Olson decidiram realizar o culto após a refeição noturna de quarta-feira da igreja. Isto pareceu menos formal e menos intimidante para Olson do que retornar ao culto dominical. Qualquer pessoa da congregação foi convidada a vir, mas foi um grupo menor que apareceu, em sua maioria amigos íntimos de Olson.

Juntos, o grupo lia salmos e cantava. Eles rezaram por Olson, por sua família e por seu marido. Eles chamaram seus próprios sentimentos de confusão, frustração, tristeza e raiva. E eles se reuniram em torno da mesa para a comunhão. Reunir-se em círculo e olhar nos olhos um do outro tornou o momento mais poderoso e levou muitos no grupo às lágrimas.

"Houve o desdobramento e a compaixão e o amor de Deus e o simples fato de podermos adorar juntos", diz Olson.

Trabalhar para esse serviço exigia honestidade total e dolorosa. Olson diz que estava disposta a ser vulnerável mesmo que fosse difícil porque sabia que na maioria dos casos de violência doméstica, o abuso é mantido em segredo e as feridas permanecem abertas.

Esse serviço permitiu que a cura espiritual começasse. Olson acabou voltando ao culto dominical, sabendo que as pessoas não fariam suas perguntas e que os membros da congregação se sentariam ao seu lado durante os cultos para protegê-la.

"Quando você não fala sobre as coisas e não está aberto a elas, é quando a dor continua a crescer e a se repetir", diz Olson. "Acho que [aproximando-se] da experiência de cura com abertura e honestidade - não fingindo que tais coisas não acontecem aos cristãos - é muito maior. A misericórdia e a compaixão que podem acontecer nesse tipo de situação é muito mais do que a ocultação".